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Manuel F​ú​ria Contempla os L​í​rios do Campo

by Manuel Fúria e os Náufragos

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1.
2.
Estandarte 04:31
3.
4.
5.
Jogo do Sapo 06:17
6.
A Tempestade 08:34
7.
8.
9.

about

A Revolução da Esperança

Há esta certeza que faz falta proclamar: Manuel Fúria é um subversivo. Melhor ainda: um subversivo com uma missão. Acredita e pratica o que louva - valores e actos que, mais do que anacrónicos, são mal vistos pelo espírito deste tempo. Utiliza sem medo palavras como «pátria», «amor», caridade», «coração», «bondade», «rei», «fé», «rapariga», «noiva», «Cristo», «contemplação», «mistério», «alma». Para ele, tudo se poderia resumir num único vocábulo indizível que tem urgência de partilhar. E essa urgência é a razão de ser da sua arte e da extrema necessidade de fazer.

«Quero ver Lisboa a arder», anuncia ele no início da nova aventura-manifesto que é este disco, Manuel Fúria contempla os lírios do campo. A referência bíblica, para além de assumida, assalta-nos por uma estranha beleza proselitista, apenas porque pressentimos que ele crê sinceramente e isso é tão raro. O que seduz de imediato na arte e na personalidade do Manuel Fúria (e aqui chegados, permiti que o que assina estas linhas se intrometa ainda mais pessoalmente nesta conversa e confesse a sua amizade) é que tanto numa como noutra a verdade não se sobrepõe à sinceridade: valem o mesmo, e são indissociáveis. Outros criadores ou interpretes são genuinamente sinceros no momento em que transmitem sentimentos ou intenções, para depois os abandonarem; Fúria é verdadeiro, de uma forma absolutamente sincera.

Assim, rodeado de cúmplices de excelência que não por acaso se intitulam de Náufragos (na eterna espera, numa eterna deriva, numa angustiante liberdade), Manuel Fúria canta aquilo em que acredita, lamenta o que se perdeu mas reclama a possibilidade da esperança. O que esta colecção de cantigas sugere é uma visão de um mundo límpido e espiritual, onde o essencial é possível, e que esse mundo poderia começar em Portugal. Infelizmente, e como chegou a dizer numa entrevista, « Portugal ainda não é». Esta ontologia de Portugal teria assim de partir de um reino de amor e de festa. Se existem tentações - a cidade como Babilónia é assumida logo em Estandarte e lembrou-me uma das minhas passagens bíblicas preferidas:"Não deixes errar os olhos pelas ruas da cidade nem vagueies por seus lugares solitários" (Sir, 9, 7) - todas serão vencidas pelo Amor e pela Festa (Que Haja Festa Não Sei Onde). Desenganem-se no entanto aqueles que esperam um conjunto de homilias musicadas: este disco está infectado de pop por todos os tempos e todos os temas, que se ouvem, com sinais ostensivos de quem sabe como se faz uma canção e como usá-la.

Quem, como eu, assistiu aos rótulos fáceis e injuriosos colocados a um grupo de música moderna no principio dos anos 80 - sim, os Heróis do Mar e sim, uma das inspirações confessas de Fúria - sabe como poderia ser tentador arrumar esta arte numa gavetinha ideológica. Mas felizmente os tempos mudaram e maravilhosamente permitem que a obra de Fúria se revista de uma contemporaneidade (e a perenidade possível na pop) que não oferece dúvidas. Manuel Fúria é um incansável fazedor que embora descontente com o tempo a que pertence exige mostrá-lo com as armas que estes dias lhe dão. A prova - para além da sua música - está na editora Amor Fúria, que tal como a sua quase irmã Flor Caveira, sabem como dizer o que querem dizer. E que é muito e é preciso.

Antes de terminar, uma palavra para os músicos que participam no disco, quase todos eles ligados a outras bandas ou iniciativas em nome próprio. Este é um espírito de partilha recente na música moderna portuguesa, impensável no dealbar da década de 80, e que agora surge naturalmente graças a uma nova mentalidade. A saudável promiscuidade artística que pequenas editoras como a Amor Fúria ou a Flor Caveira apresentam são indícios de tempos novos, longe da ideia paroquial de «o meu talento é único e não o divido com ninguém».

Depois da caminhada que fez com Os Golpes, em que tantas vezes foi reduzido a um reflexo voluntário de algo que já foi feito, Manuel Fúria precisava de um disco assim. Onde a sua voz e a sua alma esteja solta como ele gosta: em partilha. Amanhã? Não sei. Como ele, contento-me com hoje e remeto-me à mesma fonte e origem de todos os desafios: «Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã já terá as suas preocupações»(Mt, 6, 34).

É urgente alistarmo-nos nesta Revolução da Esperança.

Nuno Miguel Guedes

credits

released February 1, 2013

Este disco foi gravado em Outubro de 2011 no Belém Clube, em Lisboa.
O José Fortes captou o som, o Manuel Fúria produziu com a ajuda do Nuno Moura.

Quem tocou neste disco foram os Náufragos:

Manuel Fúria - Voz, guitarras, percussão
Tomás Cruz - Bandolim elétrico, Bandolim acústico, Guitarras, vozes
Paulo Jesus - Guitarra Baixo
Silas Ferreira - Oboé, Sintetizador
Tomás Wallenstein - Primeiro Violino, Vozes, Percussões
Francisca Aires Mateus - Segundo Violino
Madalena Sassetti - Acordeão, Vozes e Voz principal na canção A Tempestade
Pedro Galvão Lucas- Bateria, Percussões, Vozes

participaram também,

Daniel Hewson - Trombone
Bruno Margalho - Saxofone Alto
Ricardo Pinto - Trompete

e ainda,

Hélio Morais - Bateria nas canções Jogo do Sapo e Os Lírios do Campo

e ainda, de modo espiritual,

Fred Pinto Ferreira, Luís Montenegro, Martinho Lucas Pires, Luís Afonso e António Brito

Manuel Fúria agradece às seguintes pessoas,

Família Barbosa de Matos, Paula Homem, Promontório, Pilar Saldanha e Catarina East Ladeira.

e de um modo especial a
Rogério Barbosa de Matos, Joaquim Magalhães e José Pinheiro.

Este disco é a segunda parte de um tríptico inaugurado em 2008 com Manuel Fúria Apresenta As Aventuras Do Homem Arranha.

Uma edição Amor Fúria, com distribuição da Valentim de Carvalho e o apoio da Sociedade Portuguesa de Autores.

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Manuel Fúria Lisbon, Portugal

A discografia de MF começa a solo, é atravessada pel'Os Golpes, continuou com os Náufragos.
Agitador, desalinhado, etc. é um nome fundamental para compreender a cena independente portuguesa dos últimos 15 anos.

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